Entre Santa Fe e Albuquerque está um dos trechos mais cativantes de toda a Rota 66.
São pouco mais de 100 quilômetros que reúnem tudo o que torna o sudoeste americano um destino fascinante: arte, história, gastronomia, vilarejos pitorescos e paisagens desérticas de tirar o fôlego.
Apesar da curta distância, o percurso é repleto de paradas que contam histórias e encantam viajantes que buscam mais do que apenas dirigir — querem vivenciar o espírito da estrada mais famosa do mundo.
Essa parte da rota combina a sofisticação artística de Santa Fe com o charme alternativo de Madrid, a autenticidade histórica de Cerrillos e a energia vibrante de Albuquerque.
É um roteiro ideal para quem deseja sentir a essência da Rota 66 em ritmo tranquilo, aproveitando cada mirante, galeria e cidadezinha ao longo do caminho.
Santa Fe – A cidade onde arte e tradição se encontram
O ponto de partida desse trajeto é Santa Fe, uma das cidades mais charmosas e culturais dos Estados Unidos. Fundada em 1610, ela combina arquitetura em estilo pueblo, ruas de adobe e uma atmosfera artística única. Antes de seguir viagem, vale explorar as galerias da famosa Canyon Road, onde centenas de artistas exibem suas obras em meio a casinhas de barro e jardins floridos.
A cidade é um verdadeiro museu a céu aberto. Caminhar por suas ruas é como folhear um livro de história que revela a fusão das culturas indígena, espanhola e mexicana. O contraste entre o azul intenso do céu e as construções em tons terrosos cria uma paleta de cores inesquecível, que marca o início perfeito da jornada rumo ao sul.
Em Santa Fe, o visitante encontra também uma rica cena gastronômica, com restaurantes que misturam sabores tradicionais do Novo México e ingredientes locais, como o chile verde e o chile rojo. É o lugar ideal para saborear um pouco do sudoeste antes de embarcar na estrada mais icônica dos Estados Unidos.
Madrid – O vilarejo artístico do deserto
A cerca de 50 quilômetros de Santa Fe, surge Madrid, uma antiga cidade mineradora que renasceu com um novo espírito. Após o declínio da mineração no século XX, o vilarejo foi praticamente abandonado, até que artistas e artesãos começaram a se mudar para a região em busca de inspiração e tranquilidade. Hoje, Madrid é um dos destinos mais pitorescos da Rota 66.
Suas ruas estreitas e coloridas abrigam galerias de arte, cafés, lojinhas e estúdios onde é possível conversar diretamente com os artistas locais. Tudo ali tem um toque alternativo e vibrante, refletindo o lado mais boêmio e criativo do Novo México. Madrid também é um ótimo lugar para quem gosta de fotografia: cada fachada, placa e detalhe parecem ter sido feitos para compor o cenário perfeito de um filme indie americano.
A cidade é conhecida por eventos culturais e feiras de arte que acontecem ao longo do ano, reunindo visitantes de todo o país. Entre uma visita e outra, não deixe de provar um café artesanal ou uma torta caseira em algum dos pequenos estabelecimentos locais — é o tipo de parada que transforma qualquer viagem em uma lembrança inesquecível.
Cerrillos – Um pedaço preservado do Velho Oeste
Poucos quilômetros após Madrid está Cerrillos, um pequeno povoado que parece ter parado no tempo. Suas construções em adobe e ruas de terra dão a sensação de estar em um autêntico cenário de faroeste. E não é à toa: o vilarejo já serviu de locação para diversos filmes, graças à sua aparência rústica e preservada.
Além da atmosfera cinematográfica, Cerrillos oferece pequenas surpresas a quem decide explorar com calma. Há lojinhas de artesanato, uma antiga igreja do século XIX e um pequeno museu local que conta a história da mineração e do período de colonização espanhola. Tudo isso em meio a uma paisagem árida e silenciosa, que convida à contemplação.
Cerrillos é um ponto especial para quem busca vivenciar o lado histórico e autêntico do Novo México. Mesmo sendo um vilarejo discreto, ele carrega uma aura mágica — uma lembrança viva da época em que os viajantes da Rota 66 cruzavam o deserto em busca de novas oportunidades.
Albuquerque – Onde o passado encontra a modernidade
Ao se aproximar de Albuquerque, a paisagem se transforma. As colinas desérticas dão lugar ao vale do Rio Grande, revelando uma das vistas panorâmicas mais bonitas do estado. O destaque do trajeto é o Sandia Peak Tramway, o teleférico que leva os visitantes até o topo das Montanhas Sandia, proporcionando uma vista impressionante da cidade e do deserto ao entardecer.
Em Albuquerque, o espírito da Rota 66 continua vivo. A Central Avenue — que segue o antigo traçado da estrada — é repleta de letreiros em neon, hotéis vintage e restaurantes temáticos que brilham à noite, criando uma atmosfera nostálgica e vibrante. Entre eles, o famoso Route 66 Diner é uma parada obrigatória: decoração dos anos 1950, milkshakes enormes e música clássica americana fazem qualquer viajante se sentir em outra época.
Já o bairro histórico Old Town Albuquerque é o coração cultural da cidade. Suas praças, igrejas e lojinhas de artesanato indígena e mexicano refletem a alma do Novo México. Passear por ali é uma experiência sensorial — cores, aromas e sons se misturam, criando um encerramento perfeito para quem acaba de percorrer um dos trechos mais charmosos e ricos em cultura de toda a Rota 66.
Um final de estrada que desperta vontade de continuar
O percurso entre Santa Fe e Albuquerque é uma amostra condensada daquilo que torna a Rota 66 inesquecível: arte, história, hospitalidade e paisagens que parecem pinturas. Mesmo em apenas 100 quilômetros, o viajante é transportado por séculos de cultura e tradição, passando de vilarejos do Velho Oeste a cidades modernas e vibrantes.
Quem percorre esse trajeto não apenas dirige — vive uma experiência autêntica e profundamente americana. E ao chegar a Albuquerque, com o pôr do sol tingindo de vermelho as Montanhas Sandia, é impossível não sentir aquele desejo irresistível de continuar pela Rota 66, rumo ao próximo horizonte.
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